"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

sábado, 10 de abril de 2010

Padecer de quem canta

Havia lá,
Por trás dos lugares furtivos
Da minha imaginação,
Um doce personagem
Insistente em algum vestígio
de uma velha canção
Em uma linda paisagem

Viu que era belo o seu cantar
E o usou como instrumento
Sem prever o sucesso ou fracasso
Empenhou poesia e sentimento
E se lhe restou o sonho, mesmo que escasso,
Fez dele inspiração.

Semeou suas notas
Colheria, acaso, algum sorrir?
Aguou gotas melódicas
Cresceria um amor assim?

De onde estava
Viu o sol se por
E lá ficou
Pra ver o luar em seu esplendor.
E mesmo que o escuro não o amedrontasse
A noite trazia consigo o seu
Tempero solitário
E teve medo que pra sempre assim ficasse.

Pediu e o sol não nasceu.
Sonhou,
Mas não quando adormeceu.

Eu lhe disse:
É mesmo triste o padecer de quem canta.
As vezes não lhes é permitido fazer histórias,
Somente cantá-las.

Ítalo 11/04/2010