"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Silêncio


Talvez exista um jeito de se chegar ao silêncio
Como o que existe no espaço
Envolvendo o universo como num abraço
De paz, serenidade e beleza infinda

Os deuses gritam ordens e vontades
Os amores alardeiam suas cobranças e desagrados
A razão reclama toda a sua verdade
Os sonhos sussurram desejos improváveis
Enquanto o tempo anuncia o que foi e já não é

Talvez o silêncio seja, de fato, o começo e o fim de tudo
E quem sabe o remédio das dores do mundo,
E das minhas,
Seja tratá-las com silêncio, inteiro e profundo

Foi no silêncio que perdi melodias
E nele que mergulhei mágoas e poesias
Porém, embora estas não mais existam
Um milhão de vozes faz surgir dez de cada uma que sumiu

E mais uma vez, ao olhar o céu e ver as estrelas
E todos os constituintes celestes
Que guardam, no seu silêncio, toda a história da existência
Percebo que calar o mundo a minha volta
Seria uma espécie de graça
Uma benção de sabedoria

Ítalo 07/09/12