"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Hoje,
O pôr do sol não me trouxe nada
A não ser o cansaço de um dia
Não me disse nada, não me causou
Nada, nem me trouxe euforia.

A ideia de que um dia um ocaso pudesse ser
Diferentemente lindo e único
Me pareceu até mesmo inocente.
Não me prendeu a nenhum verso
E simplesmente vagou e deixei
Vagar a minha mente.

Não me importei com o céu.
Se rosa ou alaranjado,
Se azul ou avermelhado.
Nada em mim se refez,
Nem me importei quando todo
Esse espetáculo se desfez.

Não pensei nas asas de Ícaro
Que foram derretidas
Não imaginei nas mil paisagens
Que por esse sol puderam tornar-se floridas.

Não desejei por um cantinho
E um violão
Não quis escutar bossa nova,
Não cantarolei nenhum samba canção.

Não fixei o pensamento
Em ninguém
Se pensei em alguém
Foi com desdém.

O por quê?
Não sei.

E a inspiração...
Meu Deus, a inspiração!
A inspiração se foi.

Ítalo 23/12/09

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Poeta de Melodias

Enquanto escuto Debussy quase posso tocar

as cores dessa imagem difusa
E é como parte mim,de uma realidade
Que se mostra as vezes tão confusa.

Deve haver uma mensagem subliminar
Nos espaços das notas e dos silêncios
Por ora, eu quase a posso perscrutar,
Mas logo dilui-se na beleza das outras notas
E silêncios seguintes.

Enquanto fala tão doce o piano
Sonho.
Se existe alguém que amo
Amo mais.

Quase invejo o compositor
Que pela música pode sentir
E não prescisa de palavras
Para se fazer entender.

Por fim,
Desejo mais do que tudo
Ser poeta.
Poeta de melodias.

Ítalo 16/12/09

domingo, 6 de dezembro de 2009

Eu sei

Eu sei que posso ocupar
Todo esse silêncio que existe no seu olhar
Com toda a música que eu posso cantar,
Com toda a poesia que posso declamar,
Com todos os sonhos que posso sonhar.

Talvez eu não possa mandar embora essa tristeza
Desse seu amor que foi perdido,
Mas de tudo que de mim você tem visto,
De tudo que de mim você tem ouvido,
Talvez ainda vale a pena tentar.

Eu sei que posso ser o sorriso bobo
Que se perdeu dos seus lábios,
A saudade que te rouba o pensamento,
O motivo que te dá a vista para novos cenários.

Talvez meu mundo seja,de fato, muito idealizado,
Romântico e otimista, utópico e surreal,
Ou é por isso que é tudo tão diferentemente lindo
E é pra você tão cabível e tão ideal!

Eu sei que você perdeu os versos que eu te dei,
E nao quis escutar aqueles outros que pra você eu cantei.
Eu sei que você não se importa com tantas palavras
Que nunca chegarão tão longe ao seu coração.

Eu sei...

Mas o motivo de tanto querer,
Esse
Eu já não sei.

Ítalo 06/11/09

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Se ouvires a música
Que de mim sai
E que encontrar-te vai,
Não me verias com olhos tão frios.

Se vires os sonhos mais lindos
Que teimam em existir,
Meras ilusões de um porvir,
Não me ouvirias com tanta indiferença.

Se perceberes meu ânimo cansado
A proibir-me de olhar-te encantado,
Nunca mais
Me entenderias tão mal!

Se entenderes o que quero dizer
Debulhado em versos pueris
E ingênuos em te querer,
Perceberias a beleza que existe em mim.

Se puderes ouvir e ver,
Se puderes perceber e entender,
Tudo sob a ótica de tanto sentimento,
Te encontrarias com o mundo lindo
Em que só comigo poderias estar!

Ítalo 26/11/09

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Existe, de fato, um Deus
Que nem mesmo a ciência
Com tantas perguntas irá responder
Que a nenhum dos nossos conceitos
Precisa se submeter.

Um Deus que nem mesmo a música
Em tanto esplendor
Poderá de todo sentir
E nem a poesia
Com todas as suas palavras
Poderá medir.

Na evolução do mundo
Separou o meu lugar
Deu a tantos a filosofia
Para que me ensinassem a pensar.

Me fez estudar a vida
Para ver mais de perto
Os detalhes de sua beleza
Me fez ansiar por canções
Para ter sempre algo de belo,
Mesmo na tristeza.

Por tantas vezes Ele
Silencia nas respostas
E mesmo quando eu reluto, teimo,
Ainda assim, como um imã,
É nEle que minhas esperanças são postas!

Como algo inerente a mim,
O quero mais que tudo
Se tiver que ser obscuro, misterioso,
E somente assim,
Rendo-lhe minha mente obstinada e inquieta
E dou-lhe, num ato de confiança, tudo de mim.

Ítalo 16/11/09

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O original dessa poesia eu dei pra uma pessoa antes de guardar uma cópia pra mim...e é muito mais bonita!
Como eu e um amigo acabamos musicando, tive que fazer uns ajustes e eu só consigo me lembrar dela depois de ajustada!

Não deixes secar as tuas lágrimas
Assim não sobrará pra tantos amores que ainda virão.
Nem deixes de esbanjar teu sorriso
Que espanta a solidão.
Sejas a bailarina de um teatro mágico
O anjo mais velho que diz aquela canção.

Vê que triste melodia entoa o teu choro,
Por isso tão bela
Que espalha inspiração!
Algum dia verás no nascer do sol poesia
E haverá de ter nascido em teu ser
Doce alegria.

Não se espante,
Cante.


Ítalo do Valle

sábado, 7 de novembro de 2009

Noite


É da noite que vem este desejo
De ser poeta e der ter um grande amor.
Não é acaso perceber tão de repente
Como é bela a nossa dor.

Se a dor faz calar nossa razão,
Se a dor faz gritar o coração,
Vem mostrar que no céu existe estrelas.

É da noite que vem este silêncio
Que faz notório cada sussurar de uma canção
E dos problemas outros
Nos dá doce distração.

Noite, linda noite!
Faças mais sereno o meu pranto ao teu relento
Pois escureceste o mundo
E eu só me vejo assim
Olhando só pra mim.

É a noite quem traz os nossos sonhos
Pra brincar com a nossa mente
Amenizar a nossa dor
E isso tão somente.
E vejo que sonhar não é ter,
E vejo que sonhar é só querer.

Ítalo

sábado, 31 de outubro de 2009

Across the Universe

Não!
Definitivamente ainda não me fizeram gostar de Beatles, apesar de muito esforço do meu amigo na faculdade... Então eu preciso explicar esse poema!

Na verdade, num certo dia pela manhã, eu vi alguém segurando o dvd do filme Across the Universe e simplesmente eu passei a reparar em como aquele sorriso é incrivelmente lindo! Eu tive a impressão que aquele título e aquele sorriso estavam de certa forma relacionados...aí eu escrevi esse poema, bobinho, de fato, mas tem história!

Ah! E assisti o filme e gostei muito! Será por quê?!

Across the universe

Deixe-me cruzar seu universo

E entender os astros que sustentam sua beleza

Cantando num gesto ingênuo e em simples verso

O sol nascente do seu sorriso em sua face.


Não serão negros pássaros entoando

Mas a minha voz rouca e desajeitada

Que não sabe o que está se passando

Quando te vê e incontrolavelmente sai cantando.


Através do seu universo

Juro-te que não haverá canções sobre o ontem

Pois o mesmo só nos leva pra baixo

E eu só desejo subir, subir, subir...


Então imagine!

Diga-me, não será tão bom?

Haverá para os seus olhos sempre poesia

E para os seus ouvidos sempre um doce som.


Não me venha dizer que o sol está vindo,

Ele sempre esteve lá!

Nós é que escolhemos ficar sempre

Girando no mesmo lugar

Enfrentando horas de dura noite.


Não ouse tentar perguntar-me ou entender,

Através desse universo há tanto

Que eu ainda não sei e não posso compreender.


Mas vejo que talvez eu possa mudar o seu mundo,

Que talvez você possa mudar o meu mundo,

Ou talvez cada olhar e sorriso seu crie

Sempre um novo mundo de um universo a parte.


Ítalo 20/08/09


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Olá!
É incrível o tamanho da beleza que pode-se extrair das coisas, das noites, dos sorrisos, dos momentos... Embora eu sempre ache tudo um pouco rídiculo e infantil de mais, todos esses versos me perseguem e me atormentam até que eu os rabisque em um pedaço de papel qualquer. Agora, me pesa consciência a quantidade deles que foram para o lixo ou se perderam de vez em algum lugar da minha memória. Decidi, então, colocá-los aqui. Talvez alguém acabe lendo, e seja bom e bonito. Mas de qualquer modo terei aqui uma caixinha de produtos da minha mente fértil!
Começarei com este que eu gostei especialmente!

Esta é a história de um poeta que,
Cansado de sofrer poemas
E chorar canções,
Resolveu desbravar o mundo
E desprender-se das velhas paixões,
Pra encantar-se sem distrair-se em novas ilusões.

Nas noites de todos os lugares
Perguntava às estrelas:
"Como ser tão só e ainda assim brilhar?"
Em todas as montanhas quis subir
Para ver mais distante.
Seguir caminhos sem saber onde chegariam
Era lhe, de fato, quase sufocante!

Nos abismos gritou a Deus loucamente:

"Por que me amaldiçoaste
Com tanta emoção?
Dá-me por favor a benção e
O privilégio da razão!"

Nos oceanos em que navegou

Descobriu que não queria a solidão.
Essa, as vezes em agradável bonança,
Se revoltava, repentinamente,
Extinguindo até mesmo a menor esperança.

Por fim,
Um dia voltou...
E no outro, de novo, sumiu.

Alguns dizem que ficou louco
Com tanta coisa em seu inteiror que
Guardava só pra si mesmo.
Outros alegam que ele se foi de vez
Certo de que a vida é apenas
Um longo caminhar a esmo.

Porém, há também quem diga
Que ele encontrou, por fim, uma companhia.
Dizem que era linda, cantava docemente e
Com ternura escutava tudo o que ele dizia.
O seu nome era
POESIA.

Ítalo do Valle 28/10/09