"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ignorância

Eu continuo sem entender
A origem do universo
As construções dos pássaros
Que as fazem sem nunca aprender

O brilho de um estrela
Que ainda brilha depois de morrer
As idas e vindas do mar
Que as vezes se esconde
E as vezes quer nos afogar
Os mil efeitos da música
Que é só ar a vibrar

O encanto do amor
Que as vezes nos abençoa
Ou nos condena com penosa dor
Não se sei por acaso
Ou se por merecimento
Não entendo qualquer sentimento
Que é de todo inexplicável e
Arbitrário em seu querer.

Não entendo o tempo, o destino,
Não entendo as pessoas
Em seu eterno desatino
Não entendo o passado
Que não mais existe
Mas teima e da nossa mente
Parece que nunca desiste.

Não entendo porque
Existem poetas e poesias
Não entendo o contemporâneo
Suas danças
Suas expressões sem temperança
Suas figuras
Suas ranhuras
Seus barulhos e música

Não entendo o rosa do céu
Ao entardecer
Não entendo o silêncio indiferente
Quando todos vêem o sol a nascer

Não entendo porque não vou embora
Porque insisto tanto no depois
E não no agora

Não entendo porque não há respostas
Esse ressentimento consensual
Ante o fato invevitável da ignorância.

Ítalo 25/02/10

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Vento

Vento
Tu vens e tocas meu rosto
Te delicias em meus lábios
Deixas atrapalhado o meu cabelo
E arrepias minha pele...

Quem te permitiu tal liberdade?
Quem te deu tanta intimidade?

Não sei de onde tu és
Nem sei de onde vens
Não sei pra onde vais

És negligente aos sentimentos
Que tu causas
És promíscuo em tantas carícias
Em tantos por todos os lugares.

A tua história eu não sei
Desconheço tuas músicas
Nem sequer imagino o que tu pensas.

Pior do que tudo
É o que provocas no fim
Vais em embora
E deixas sempre um rastro
De poesia em mim.

Ítalo 18/02/10

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ao som de um blues

Vamos entrar noite adentro
Através desse blues
Olhar pra esse céu
Nos perder nos seus azuis

Eu te juro, é por uma noite só.

Cantaremos embriagados por
Qualquer nostalgia
Quer seja nossa ou não
Nos renderá fiascos de poesia

Por uma noite só, nada mais.

Ao som de mais um solo
Faremos caretas de satisfação
Veremos que nunca é tarde
Pra mais uma canção

Só te peço uma noite,
Quantas mais você não terá?

Não serão roucas as vozes
A declarar seu amor
E haverá um swing quase incoerente
Ao ser contada toda dor.

Não.
Não se pode dispensar esse som!

Quando dormirmos
Sonharemos com qualquer melodia
Que ficou no vazio de um sorriso
Carregado de uma passageira e súbita alegria.

Uma noite pra eu colorir você
Com todo o blues
Sonho que assim você me
Carregará no seu pensamento
Por todas as outras noites seguintes.

Ítalo 10/02/2010