"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Ele canta


Ele canta
Esta melodia estranha
Que na garganta machuca e acaricia
Afaga e arranha


Ele canta pra lá e além
E do seu mundo criado por canção
Não se pode buscá-lo
Não há forma, jeito e nem ninguém


Canta enquanto o instante não existir
Canta se sofre ou se ama
Se alegra ou se não consegue sorrir
Canta na vida, em sua comédia e drama


O mundo não cabe dentro de ti
Então canta!
Porque, você sabe, não adianta
No silêncio a cabeça também desanda


Me diz o sentido e a poesia
A que nos leva a letra de sua canção?
Ele esquece tudo e só
Se prende em sentir esta deliberada ilusão


Canta e finge que alguém te escuta
E chora ao te ouvir cantar
Canta e imagina lá embaixo
Uma bailarina a dançar


Canta mesmo que seu coração
Já bate rouco de tanto gritar
Esquece o pensamento, esquece os pés
Deixa a canção te levar...

12/07/12