"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Típico

Eu quis escrever
Em prosa que não era minha
E quis
Cantar tantas canções que não deveria

Eu quis olhar
O céu roséo na noite da cidade
E reclamar a impossibilidade
De deitar em seu regaço.

Eu quis
O medo do não ser
E a doce incoerência
Do querer não querer.

Eu quis tanto
Encontrar coisas que não procurei
E ser o que eu serei
Sem ser o que sou

Mas nunca quis
Essa imprevisibilidade aleatória...
Ah! Se pudéssemos
Reinventar nossas memórias!

Sempre quis me perder no mundo
Vê-lo, dele tirar bobagens para colecionar,
Me encontrar no seu fim,
Experimentar a ironia
De dar voltas e sempre voltar para o mesmo lugar.

Eu quis permanecer calado
Quando há tanto para dizer
E fechar os olhos
Para o absurdo que isso pode ser.

Mas querer é invevitável
E como quem nunca aprende
E ainda anda sonhando com o improvavél,
Abraço-o desenvergonhadamente.

Ítalo 12/10/10

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