"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Negação

Nego-te
A partir de agora
Meu doce, meu canto,
Meus olhos de outrora,
As palavras (um tanto!)
Meus sonhos lúdicos
Meus devaneios
Meu toque, meus rodeios,
Meus pedidos púdicos
Minha ilusão declarada.

Nego-te
Minha essência
Minha transparência
Sem elas sou opaco
Sem elas sou mudo
Sou silêncio

Nego-te
E insisto
Não confesso
Minhas falas, minhas cartas,
Pra longe arremesso
E desisto

Nego-te
A noite não dormida
A fala não concluída
A espera dolorida
De me ver denunciando-me
De me ver lembrando-te
De dizer seu nome em música

Nego
Se concluí ser capaz
Se intuí o além mais
Se abracei o fugaz

Nego
E por isso escrevo mentiras
Se não neguei-te em palavras
Como consiguirei
Em fatos?

Ítalo 15/12/10

3 comentários:

  1. Voltando a ser piegas, hein?
    Ficou bom! Faz bem seu estilo (entenda como um elogio, não como mais uma de minhas ironias frequentes, ok?).

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  2. esta é uma negação feita na positiva, pois é grande a vontade de querer
    um beijo
    Boas Festas

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