"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Estranheza



Estranho
Como se todas as manhãs
Tivessem sido sempre azuis
E amanhecesse enfim uma manhã sem luz


Como se todos os sabores
Tivessem sido sempre doces
E se por engano, ou pela arte dos meus desamores
Experimentasse o amargo, o azedo e o insosso


Como se todas as músicas
Fossem Bach, Chopin, Debussy, Ravel
E saísse de repente, um tropel
De dissonâncias do piano esquecido
Onde a beleza costumava abrigar-se


Ah! Se eu soubesse
Das artes do que é feito o estranho
E dele tivesse
A explicação desse cansaço tamanho


E desses meandros intermináveis
Entre estranheza e ilusão
As coisas fossem por fim como são
E não um estado de como estão


Ítalo
02/12/11

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