"Ser poeta não é ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho"
(Alberto Caeiro)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Alguém que me rouba as palavras

As palavras escapam de mim
Escorregadias, negligentes
Nesta ausência me deixar, por fim,
Melodias somente


E o declarar-te não posso
Emudeço num sorriso que cala
Admirado te olho
Na esperança de um olhar que fala


Logo agora
Que tenho um mundo pra te dizer
E descrever-te as cores
Que me assaltam ao te ver


Mas esse sorriso
É pura beleza e me silencia
Ao querer dizer
Dessa alegria que me acaricia


Mas esse sorriso
Quando nos meus lábios vem descansar
Faz pra mim um porto seguro
Desse mundo, revolto mar,
E já não há mesmo muito pra falar


Dos seus olhos
Um excesso de sentido,
De razão e direção
Explicações não têm conseguido
Entender esse descaso
De entregar tão prontamente o meu coração


E quando reconheço em você
Uma pontinha de encanto
Sei que já leu tudo em mim
Muito antes do verso
Do canto


Antes mesmo de ser explicável
Algo em mim já foi sobremodo amável
Que posso ser seu
E não é preciso dizer mais nada.

Ítalo 18/04/2011

2 comentários:

  1. Tempos que eu não vinha aqui, mas vejo que não perdeu o talento, né, Ítalo?
    nem a tendência ao romantismo... menos segunda e mais primeira fase, desta vez...
    Aparece lá no recanto das letras depois! consegui inspiração hoje.

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  2. Que bacana, achei muito boa mesmo! Comecei um blog tambem, só uma história que estou desenvolvendo
    http://www.dragoesdaerademinthsworth.blogspot.com/

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